Dia 30 de setembro é o dia internacional do tradutor,
e tenho que admitir que em toda a minha pesquisa sobre esta minha paixão, nunca
tinha encontrado nenhuma menção a isto. Mea
culpa, muito provavelmente.
O dia 30 de setembro foi escolhido por ser o dia de S.
Jerónimo, padroeiro dos tradutores (novamente tenho que confessar a minha
ignorância e admitir que não fazia ideia que os tradutores tinham um santo
padroeiro). Mas convém referir que São Jerónimo não é exclusivo dos tradutores,
partilhamos o santo com os bibliotecários e as secretárias. Historicamente o
nome do senhor era Eusébio Sofrónio Jerónimo, e foi ele o primeiro a traduzir a
Bíblia do hebraico e grego para o latim, sendo que edição dele, a Vulgata, é ainda o texto
biblico oficilal da Igreja Católica Romana. No entanto, não é um santo
exclusivo da Igreja Católica Romana, mas também da Igreja Ortodoxa Oriental,
onde é conhecido como Abençoado Jerónimo.
Mas o que é exatamente um tradutor? A definição mais
genérica é alguém que converte material escrito de uma língua para outro, sendo
que um intérprete será alguém que converte material falado. Addpesar de haver
algumas ligações entre os dois, um não substitui o outro de forma alguma.
Segundo variados autores, os melhores intérpretes não são, por norma, bons
tradutores, e vice-versa, quanto mais não seja porque no seu percurso formativo
uma àrea não tem necessariamente contato com a outra.
Ser bilingue é indispensável para um bom tradutor, no
entanto, alguém bilingue ainda necessita de desenvolver as capacidades e a
experiência necessárias para traduzir, assim como competências na àrea
em que quer exercer. Para além disso há também a questão cultural. Um tradutor
tem que ter em atenção os aspetos culturais da língua para qual está a
traduzir, assim como a capacidade de análise linguística para conseguir tratar
de um texto particularmente díficil, por exemplo.
Outra questão muitas vezes levantada é a questão da
formação. Num texto de Danilo Nogueira (este em específico) ele refere que não há 2 tradutores (bons
pelo menos) que tenham um percurso formativo comum, apesar de atualmente a
grande maioria já ter algum tipo de formação universitária. No entanto, há
autores que indicam que talvez isso não seja tão importante como uma habilidade
natural, mas que pode ser tratada obviamente. Algo comum entre vários
tradutores é que há que amar as linguas com as quais vamos trabalhar, assim
como a nossa própria. A única exceção a esta regra é para
quem trabalha com material altamente especializado, basta pensar que cada àrea
tem a sua gíria própria, por vezes até mesmo uma sintaxe específica.
Não há um período específico para que alguém se sinta
pronto e se possa chamar a si próprio de tradutor. Além de ser um trabalho
constante de aprendizagem e atualização, há também que saber usar as diversas
ferramentas que estão ao dispor de cada um.
Há também a questão já amplamente debatida entre
fidelidade ao texto original, e a forma mais fácilmente legível na língua de
chegada. Já todos lemos algo que era tão obviamente traduzido que soava
estranho, ou que tinha demasiados estrangeirismos para ser compreensível. A
melhor tradução será aquela que ninguém identifica como sendo uma tradução. No
entanto a escolha entre estes dois pólos deve ser do cliente.
Um bom tradutor acaba por ser um diplomata da
linguagem, sensível às diferenças culturais e linguísticas das duas culturas,
mas sem perder de vista o objetivo que tem que atingir.